A rotina acadêmica dos estudantes de semiologia médica da UFMG

Esse blog foi elaborado com a proposta de compartilhamento de informações, fontes e conhecimentos dos mais uteis e diversos para incrementar a formação médica dos estudantes do 5 periodo de medicina (2º/2011), da UFMG.

Formamos uma turma pequena, coordenada pelo professor Flavio Chaimowicz. Esperamos que a comunidade acadêmica e demais visitantes possam aproveitar esse blog como fonte de informações e críticas.

A todos, nosso abraço.

Marina Fernandes, Matheus Inácio, Montgomery Barroso e Neander Neves.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A ética ou a vida?

O médico pediatra Paulo recebe um paciente chamado Jõao de 2 anos acompanhado de seus pais com exames que comprovam um quadro de talassemia maior, necessitando urgência no início das transfusões. No meio da entrevista Paulo percebe que os pais são religiosos, mais precisamente Testemunhas de Jeová, e transfusões de sangue não são permitidas nesta religião, mesmo em casos extremos, onde as transfusões são necessárias para a manutenção da vida.
Qual seria a conduta ética a ser seguida? Até que ponto o médico deverá segui-lá? O que fazer numa situação assim, seguir a ética e deixar ele ir embora, ou fazer alguma coisa para impedir que aquela criança não tenha tratamento?

Um comentário:

  1. No caso específico da talassemia maior, o tratamento padrão é o de transfusão sanguínea associado a quelantes de ferro, o que garante uma sobrevida ao paciente.
    Num caso como este, os pais devem ser informados sobre a situação da criança e sobre o tipo de tratamento recomendado, bem como os riscos envolvidos tanto no tratamento quanto na sua ausência. Quando existentes, devem também ser informados os tratamentos alternativos.
    Como se trata de risco de morte, o médico deve tentar com afinco persuadir os pais a aderir ao tratamento, porém, sem criticar a sua religião.
    Na impossibilidade de convencê-los, o médico deve se resguardar e solicitar que os pais assinem um documento declarando-se cientes e esclarecidos da situação. Então, comprometido com o bem-estar da criança, o médico deve comunicar ao Conselho Tutelar da Criança a situação de João. Entendemos que João ainda não é responsável por si mesmo e que a religião em questão ainda não foi escolhida por ele. O atraso no tratamento da criança poderia levar a sequelas e mesmo a morte. O Conselho Tutelar pode, sob o argumento da Lei, garantir a João o direito ao tratamento, indiferente de sua religião, até que ele tenha idade e responsabilidade legal para tomar a escolha entre aderir ou não ao tratamento.

    [por Marina Fernandes e Montgomery França]

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